Nascida e criada em Portugal. Já morei na Polónia, no Brasil, na República Checa e agora é a Suécia que me acolhe.
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Born and raised Portuguese. I have lived in Poland, Brazil, Czech Republic and now I'm in the beautiful Sweden.
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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Inca Trail/Camiño Inca - Peru

Esta era a parte da viagem que eu mais esperava. A ideia de caminhar durante 4 dias no meio de montanhas e ruinas, acampar em sitios remotos e ficar longe de tudo o que é tecnologia era muito atraente. As minhas expectativas eram bem altas, mas nada me desiludiu. Foi fantástico, mesmo como eu esperava que fosse. O nosso grupo, the Happy Llamas, tinha 8 pessoas, um guia e 10 carregadores, e éramos como uma família. O mais dificil da caminhada é mesmo o facto de nos sentirmos mais cansados por causa da altitude. Subir escadas a 4000m foi com certeza um grande desafio, mas com esforço, muito suor e com as paisagens maravilhosas fizemos os 42km que nos separavam de Machu Picchu. 


Chegar a Machu Picchu a pé é indescritível, porque a excitação aumenta a cada passo. Olhamos para as montanhas tão semelhantes e pensamos "podia ser aquela! Será que está por detrás daquela ali? Será que dá para ver uma pontinha?". A motivação era grande e partilhada por toda a gente.

Mas vamos às fotos...

Dia 1 - Easy

 O quilómetro 82, o início da caminhada.

No primeiro dia, cruzamo-nos com muitos nativos, que moram dentro do parque natural de Machu Picchu. A única maneira de acessar o parque é a pé, e para ser mais facil carregar coisas e irem até à cidade, a maioria tem burros ou mulas. É impressionante como as pessoas que ali moram andam tão mais depressa do que nós. E eles não vão ao ginásio...

 Llactapata - as primeiras ruínas que vimos.



O Cris, o nosso guia, ensinou-nos muita coisa sobre a flora e a fauna daquela região. Por exemplo, existem mais de 200 tipos de orquídeas nas montanhas (foto à esquerda). Também vimos algumas coisas por nós próprios, como esta centopeia verde e enorme.

 11km depois, chegamos ao acampamento.

 Wayllabamba, o primeiro acampamento, a 3000m de altitude.

 Mesmo nos lugares mais remotos do mundo, haverá sempre uma bola e duas balizas para se jogar futebol...

Dia 2 - Challenge

 O início do segundo dia. Resumindo: pequena subia, a direito um bocadinho, subida enorme e a pique, e depois descer um bocado. A subida mais dura levou-nos cerca de 3h, e fomos dos mais rápidos...

Llulluchapampa, uns dos pontos de descanso onde comprei o kit kat mais caro e mais velho da minha vida. Este era o último ponto em que se podia comprar água e snacks, onde o preço dependia se se falava espanhol ou não. Os lamas enfeitavam o cenário.

Vista do topo da montanha mais alta. Consegue-se ver o caminho do lado direito da foto, e lá ao fundinho, está o primeiro acampamento.

Warmiwañusca - 4200m de altitude. 
O ponto mais alto de toda a caminhada. É também conhecido como "the dead pass woman", porque quando se vê ao longe, a montanha parece uma mulher deitada, de olhos fechados.

 Do outro lado, já a iniciar a descida.

 Pacaymayu - o segundo acampamento, a 3600m de altitude.

10km depois, dos quais 6km foram sempre a subir, todos nos sentimos os maiores quando chegámos ao acampamento. Os carregadores estavam à nossa espera e o almoço estava pronto (o acampamento era o máximo e super bem organizado). Ao anoitecer houve happy hour, com pipocas, tortilhas de milho, geleias e muito chá e chocolate quente (foto). Muito bom para recarregar baterias.

Dia 3 - Unforgettable
 Este foi o dia mais longo e aquele que teve mais coisas para ver.

Quase a chegar ao topo encontramos as ruinas de Runkuraqay. Este caminho foi construido pelos Incas, que iam a pé para as cidades mais próximas. Runkuraqay era um dos pontos de descanso no caminho.

Em Runkuraqay, escolhemos pedras que levamos nos bolsos até ao topo da montanha seguinte, para aí podermos fazer oferendas aos Incas. No topo da montanha há imensas oferendas de outro caminheiros que por ali passaram.

As pedras são a base, para fazer com que a oferenda seja posta mais alta. O que geralmente se oferece são folhas de coca ou outros produtos produzidos pelos peruanos. Nós oferecemos um rebuçado de folhas de coca, que era o mais proximo que tínhamos às folhas de coca. 2 minutos depois pousou um mosquito enorme em cima dele...

 Cris a tocar flauta no topo da montanha, para motivar os mais atrasados.


 Ruinas de Sayacmarca, mais um ponto de descanso no único caminho que ligava a Machu Picchu.



 Um lama que ficou meu amigo...

Depois de chegar ao topo desta segunda montanha, vem a parte mais bonita de todo o caminho. Muitos grupos pararam para almoçar aqui perto, mas o nosso ia parar só depois. Assim, tivemos um bom pedaço de caminho só para nós. E que pedaço! O caminho passa por uma floresta que está ao nivel das nuvens e a beleza é incrível. Tudo é verde e ouvem-se mil e um passarinhos, inclusive um tipo de pássaro que pensamos que era uma rã...

 Ruinas de Phuyupatamarca

 Vista do acampamento onde almoçamos.

 Do outro lado das ruinas.

 Montanha com a forma de um Cuy, ou porquinho-da-índia.

Ruinas de Qonchamarca

 O acampamento lá ao fundo.

Os carregadores eram uns fofinhos, e cada vez que chegavamos ao acampamento onde iamos dormir, já tinham tudo montado, e traziam-nos um recipiente com água quente. Ao 3º dia eu já sentia muita falta de um banho a sério e decidi que Machu Picchu merecia que pelo menos lavasse o cabelo decentemente. A foto ilustra bem, aquilo a que chamamos de Inca Shower! Não foi perfeito, mas deu para o gasto...


Nessa noite a excitação era muita, afinal no dia seguinte bem cedo íamos chegar a Machu Picchu. Houve um jantar especial que o nosso cozinheiro nos fez e trocaram-se recordações. Na verdade... troquei recordações, porque fui a única a ter ideias meio malucas. Aos meus companheiros de aventura pedi que assinassem o pau que me acompanhou na caminhada, que mais tarde mandei cortar para poder trazer para casa. 

Como é que alguém faz uma pizza daquelas num acampamento onde não há forno???

Além disso a comida no acampamento era deliciosa, e eu passei bastante tempo a ver como é que o cozinheiro fazia, acabando por ficar amiga dele (grandes conversas em espanhol...). A ele, ofereci-lhe a minha garrafa de água, que ganhei numa corrida e pedi-lhe em troca o avental dele, com o logotipo do acampamento. Todos os carregadores assinaram o avental e eu fiquei feliz da vida.


O dia 4 vai ficar para o próximo post...

2 comentários:

  1. Sara,
    que caminhada fantástica e fotos deslumbrantes. Fiquei cheia de vontade de ir. Estou a aguardar o 4º dia!!

    PS - Gostei do banho.. isso sim deve ser a parte mais difícil, a falta de higiene!

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  2. Olá Ana!
    Vale a pena fazer esta caminhada. Há muitas outras, e agora fiquei com vontade de lá voltar e fazer uma maior. Mesmo com as casas de banho nojentas e a falta de banho... tudo o resto vale a pena!
    ;)

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